Quando fores capaz de ler isto, tenho a certeza que vamos rir os dois. Rir do problema que era e do sucesso que foi. Mas por agora choramos. Choro eu de ansiedade e medo e choras tu por me sentires assim.
Isto é tudo novo para os dois, apesar de toda a gente dizer que me custa mais a mim do que a ti. Mas eu sei que não. Custa me tanto a mim deixar te como a ti procurar me e não me ver. Eu sei que sim. A única diferença é que eu sei dizer porque choro e tu não.
Como é que não te custaria se até agora o meu colo era constante. Se a cada choro teu era em mim que te aninhavas. Se mamar era mais que um ritual com horas contadas. Era a toda a hora, era quando querias. Era por fome, por sono ou só por miminho. Custa muito meu amor, eu sei.
Mas quero que saibas que também temos sofrido. Depois de te deixar, eu e o papá damos as mãos e apertamo las com força. Eu choro e o papá passa me o braço por cima dos ombros e vamos assim até ao carro. É só uma hora ou duas mas tem custado tanto a passar.
Quero que saibas que procurámos o melhor sítio para te deixar e que mesmo assim, só te deixamos por não termos alternativa. Quero que saibas que se pudesse cuidaria eu própria de ti como aliás tem sido a nossa vida. E era tão bom.
Quero que saibas que contigo tenho deixado o coração e o pensamento. Em instante algum me esqueço que existes e que estás também ansiosamente à espera da hora de voltar. E que não há melhor hora no dia do que a hora de te ir buscar.
Quero que saibas que tenho pavor que o tempo que passamos afastados te leve esse sorriso rasgado e genuíno. Que leve a harmonia em que tens crescido e a serenidade da tua maneira de ser. Quero que saibas que morro de ciúmes do colo que te embala nessas horas, apesar de ser tão grata por ele não te ser negado.
Quero que saibas que quando chegamos e te vemos a dormir e a brincar o nó no peito desaperta um bocadinho. Mas que não consigo parar de pensar se não terás chorado sem resposta instantes antes. Quero acreditar que não.
Quero que saibas que um dia vamos rir os dois disto tudo, mas por agora não. Por agora choramos.
Poderia ter sido eu a escrever, as palavras soam-me tão familiares, estou mortinha para ir ver o meu ratinho, para o cheirar, abraçar e mimar. Obrigado por este texto. Amei
ResponderEliminarObrigada eu. É sempre um privilégio tocar alguém com o que escrevemos. Um beijinho.
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