Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de 2016

Mimos para quem cuida

Não é novidade para ninguém o pesadelo que foi para mim ter que me separar do meu filho para ir trabalhar. Não era o regresso ao trabalho que me assustava, embora continue desiludida com o estado a que chegou a minha profissão e não coloque de lado a hipótese de mudar de área assim que surja oportunidade. O que me tirava o sono era o facto de deixar de ser eu a cuidar dele e ter que o entregar aos cuidados de pessoas que eu não conhecia.  Não foi pacífico. Procurámos referências de todas as opções que tínhamos perto de nós. Discutimos muito sobre o assunto. Discutimos a sério sobre o assunto. Porque a dada altura, as avós queriam ficar com ele e eu, que nunca colocara essa hipótese, já só queria essa opção. Toldada pelos sentimentos não era capaz de ver as alterações que isso implicaria na vida de cada uma delas e que, racionalmente o pai via com clareza. Posto isto, o G. ingressou na creche (têm toda uma descrição sentimentaléeeerrima aqui e aqui ). Não foi perfeito. Longe dis

O quarto está pronto. Nós é que não.

O quarto ficou montado ainda antes da mala da maternidade estar pronta. Tudo muito branco, verde água e azul, tal e qual como idealizara para o receber. A partir dos seis meses era ali que o G. ia dormir, noites serenas e tranquilas. Até porque era a idade recomendada para mudar de quarto. Antes disso não, por causa do risco de morte súbita. Depois disso nem pensar, porque nunca mais íamos conseguir tirá-lo do nosso quarto. Na nossa cama estava fora de questão! Era arriscado e pior do que isso, ia ficar mal habituado! Ainda assim, como pretendia amamentar, providenciámos um berço em side car, que nos foi emprestado por um casal muito amigo. Até isso me pareceu bem. porque estar a comprar um berço para seis meses era um desperdício. Só que não. Um mês depois já tinha percebido que a prática em pouco correspondia à teoria. Que era junto a nós que ele acalmava. Que era de mão dada que ele adormecia. Que amamentar era um desafio e que de noite funcionava melhor deitada. Que as noit

Estás mais magra, como é que fazes?

Faço assim. Durmo pouco, ou não durmo, de todo. Saio da cama às 6:30h, visto uma criança que tanto pode estar sonolenta como a fazer o pino. Dou-lhe colo. Onze kg ao colo para todo o lado. Dou-lhe mama e metade do meu pão. Como a outra metade a correr e engulo uma caneca de leite.Dou-lhe colo outra vez. Despeço-me dele e do pai, saio e faço 40 km de carro. Trabalho seis horas, ou sete, ou oito, depende, sendo que na maior parte do tempo ando em pé, depressa, a correr. Saio, faço outros 40 km de carro, que podem demorar o dobro dos que fiz de manhã. Vou às compras, à lavandaria e aos correios. Chego a casa. Tomo banho. Faço a sopa, a dele e a nossa. A dele que há duas semanas acabamos por comer nós. Faço o jantar, o dele quando não é igual ao nosso. Faço fruta para amanhã e para o dia seguinte. Faço o bolo para o fim de semana. Faço uma pausa nisto tudo quando eles chegam e brincamos, gatinhamos no chão, fazemos os carrinhos deslizar pelo corredor. Volto à cozinha. Encho a máquina. A

O nosso primeiro aniversário

Mais de um mês depois, o balão gigante em formato de número 1, continua a pairar no quarto dele. Talvez para me lembrar que ainda não escrevi sobre a festa de aniversário do G, Tendo em conta que trabalho e queria ser eu a fazer a maior parte das coisas, comecei a planear tudo com uma certa antecedência. Três meses, pronto. Mas eu queria fazer convites, decoração e comida, tinha mesmo que ser assim, para não roubar tempo de qualidade às poucas horas que tenho com o G. Sendo assim, o primeiro passo era escolher o tema. Não pretendíamos nada com uma personagem específica ou muita bonecada. O G. ainda não demonstrava nenhuma preferência especial, além do que, terá toda uma vida para esgotar temas e desenhos animados. Parti das cores que gostávamos (e que coincidem com as cores do quarto dele) e, com ideias partilhadas num grupo de facebook do qual faço parte ( Baby Party ) acabei por escolher o tema balões de ar quente num céu cheio de nuvens. Mais uma horinhas passadas no pintrest e

Volta sempre Setembro, mas sem pressa.

Setembro passou conforme chegou: rápido demais. Tal como passa tudo o que gostamos, tudo o que ansiamos, tudo o que nos faz sentir bem. Ou não estivesse a sabedoria popular certa, na maioria das vezes e não fosse verdade o ditado ' o que é bom acaba rápido'. Chegou e trouxe as férias, as tão esperadas férias (pronto, talvez neste ponto, Setembro tenha demorado muito a chegar ahh ah ah, demasiado até, mas adiante). As primeiras férias verdadeiramente a três. O ano passado já o levámos connosco mas só eu o sentia pular com o sol na barriga ou com o som de uma onda mais forte. Na consulta antes da viagem ele mudara de posição, sentando-se de frente. Dizia a médica que já sabia que ia para a beira mar. Este ano pensei que talvez ela estivesse certa, porque se o queremos ver feliz é deixá-lo à beirinha da água a chapinhar.  Trouxe o aniversário do N. que ele diz que já não conta porque a partir dos 30 deixou de contar. Na realidade, por vontade dele, nenhum contaria já que

A Senhora do bolo

Nos últimos dias tenho me lembrado de tanta coisa tão intensamente. Talvez por estares prestes a completar um ano e contigo tudo aquilo por que passámos e vivemos juntos. À noite, quando te adormeço de mãos dadas, tenho revisto mentalmente tantos episódios e situações que, com a pressa do ano que passou, foram ficando esquecidas.  Há um ano por esta altura andávamos extremamente entusiasmados com as aulas de preparação para o parto. Se parar um bocadinho, consigo reviver aquela sensação boa que me invadia cada vez que nos púnhamos a caminho. Parecíamos dois miúdos a caminho de um qualquer parque ao fim do dia. Porque sim, era o final do nosso dia e era bom estarmos ali. Era como se aquele curso marcasse o início da recta final. Falávamos do parto, de bebés, de cesarianas, de cadeirinhas e de água quente para o banho. Falávamos daquilo pelo qual nós ansiávamos e isso fazia parecer tudo muito mais perto e real. Falávamos com quem nos ia acompanhar no tão esperado dia e conhecer essa

Eu não perdi nada

Era capaz de passar horas a ver-te brincar. Já tão bem sentado, a encher e esvaziar o balde dos legos ou a trocar bolas de uma mão para a outra. Com os teus dedos pequeninos já viras páginas de cartão, já fazes girar as rodas do carro, já sabes dizer que não. Tens nove meses. O mesmo tempo que esperámos para te ver. E como pareceu grande essa espera. Apesar de calma e serena, mais lá para o final, a gravidez parecia nunca mais acabar tal era a ânsia de te conhecer. Mas estes últimos nove meses, estes em que já te temos nos braços, passaram a voar. Foi a voar que de bebé te tornaste em menino e como é bom ver-te crescer. Mas não posso negar que tenho saudades. Tão pouco tempo e já tanta saudade. Saudade de caberes no meu peito, de encaixares a carinha no meu pescoço, de te embrulhar em mantinhas e em roupas pequeninas. Cresceste tanto e tão depressa. Mas estou tranquila. Não perdi nada. Não perdi pitada desses tempos. Eles passaram a voar mas eu aproveitei, ah se aproveitei. Enqua

Beijinhos do meu filho e outra coisa mas sem interesse!

Ontem foi um dia para esquecer, mas só até às seis da tarde. Tive um turno horrível, cheio de trabalho e saí duas horas mais tarde do que devia. Fiz-me à estrada de lagrimeta no olho e a dizer mal da vida porque o G. chegaria a casa antes de mim, não me encontraria, choraria pela maminha e pé pé pé e lá lá lá. Enfim, o drama do costume. Até que cheguei a casa. Onde tudo passa, quase tudo se esquece e onde me sinto completa e simplesmente feliz. Vi-o de soslaio, tomei banho a correr (quando venho do hospital não lhe pego sem tomar banho. Manias!) e fui roubá-lo ao colo do pai. Assim que me viu, esticou os bracinhos e deu-me aquele sorriso rasgado que derrete qualquer coração. Nada de novo. Até vir para o meu colo, agarrar-me na cara e de boca aberta me ter enchido de beijinhos (sim são beijinhos, à maneira dele mas são beijos!) que, até hoje à noite só me tem dado a mim! Entretanto de manhã acho que disse papá quando o N. o foi levar a creche, mas isso não tem interesse nenhum!*

Mãe nas horas vagas

Tinha esperança. Tinha tanta esperança no horário do próximo mês. Andei a trabalhar agarrada à ideia de que seria melhor que o anterior, que folgaria mais de um dia seguido, que teria mais fins de semana livres do que até aqui. Só que não. Volto a trabalhar cinco dias seguidos com apenas uma folga no meio. Volto a folgar um Sábado e trabalhar de Domingo a quarta ou quinta já nem sei. Volto a passar uma semana sem o 'nosso dia de folga'. Volto a vê lo crescer só à tardinha e de fugida porque temos que ir dormir. Sei bem que para a maioria a semana de trabalho também é seguida, mas pelo menos trabalham com o foco no fim de semana que têm como certo. Junto deles, só para eles. A mim (e a outros como eu) nem isso é permitido. Fiquei de rastos. Aliás, já assim andava a acumular cansaço e noites mal dormidas mas na esperança, sempre na esperança deste novo horário. Assim que o vi chorei. De tristeza, de cansaço, de desespero. Por desejar ser mãe a tempo inteiro e só conseguir sê l

Ontem ia ser um dia lindo

Ontem ia ser um dia lindo. Feriado, sol e sete meses de ti nas nossas vidas. Íamos sair de manhã, passear na praia com roupa de Primavera. Mostrar-te o mar e pôr te os pés na areia pela primeira vez. Ias estranhar mas com certeza gostar. O papá ia delirar e o meu coração transbordaria só de vos ver ali assim, a tapar te os pés com areia fininha. Pelo menos era isto que tinha imaginado. Só que não. Não fomos. Eu fui só trabalhar e tu ficaste só com o pai em casa a brincar. Não houve bolinho nem houve bolachas, não houve o livrinho do mês nem a foto da praxe. Houve um turno demasiado longo e uma chegada a casa tardia. Apenas um mês de trabalho e sete de vida e já estou a falhar. Só tu não me falhas. Não me falhou esse sorriso rasgado assim que cheguei. Não me falhou o miminho na cara entre as tuas mãos pequeninas. E como se percebesses a minha tristeza pelo dia que não foi, namoraste me o colo até à hora de deitar. Acabou por ser uma noite linda, em que dormimos os três de mão dada

Talvez seja tempo de mudança

Hoje estava pronta para fazer o balanço do primeiro mês de trabalho. Depois parei e pensei: ainda só passaram 20 dias... sim. Já estou cansada como se trabalhasse há meses mas não. Ainda não passou sequer um. Tem sido duro. As noites que já eram de seis horas voltaram a ser de três ou mesmo de duas horas seguidas se sono. Muita maminha, muito miminho. Mas às seis quando ele pega no sono eu tenho que me levantar não tarda para pegar no trabalho. Gozo uma hora antes, que me dá a oportunidade de o preparar para a creche e de sairmos os três de casa à mesma hora. Gozo outra hora no fim. Mas nem sempre. O trabalho é muito e é raro o dia em que às três já despi a farda. E ainda gasto 40 minutos de cada uma dessas horas em viagem. Tenho me sentido mais stressada do que gostaria. Sair mais cedo implica mais rapidez e a mesma eficiência para não prejudicar quem segue o meu turno. Mas nem sempre sou tão rápida quanto gostaria porque é mesmo assim quando trabalhamos com pessoas. Pessoas que pr

Dia de Folga

Parece o título de uma canção (que por acaso o G. adora) mas não. É apenas o dia mais aguardado da semana, aquele pelo qual espero ansiosamente durante todos os outros dias. O dia em que eu folgo do trabalho e ele folga da creche. Em que eu o deixo dormir e o visto sem pressa. Em que voltamos à maminha sem horários e a toda a hora. Em que fazemos o almoço 'juntos' para o papá que nos vem ver ao meio dia. O dia em que adormecemos juntos no sofá na hora da sesta. Em que o acordo com beijinhos à hora da papa. Em que rebolamos no chão e ele me enche as bochechas de baba. São estes dias de folga a única vantagem que vejo em trabalhar por turnos. Uma vez por semana voltamos a ter um dia daqueles que tivemos todos os dias durante seis meses. E sabe tão bem. Se não aproveito também os outros dias? Sim. O máximo que consigo. Mas há coisas que só podemos e conseguimos fazer nestes dias e é por isso que são especiais. E eu passo o resto dos dias à espera deles.

Seis meses. Parabéns e obrigada.

Seis meses. Meio ano que passou tão rápido. Nao, não passou sem darmos conta! Porque só não damos conta quando foi tempo que passou sem vermos, sem sabermos, sem vivermos. E este tempo foi tão, mas tão cheio de vida. Parabéns é o que se costuma dizer. Parabéns ao bebé, parabéns aos papás. Mas a ti, faz me mais sentido agradecer: Obrigada por seis meses de vida. Vida a sério. Vida preenchida. Vida em cheio e cheia de vida. Obrigada por seis meses de amor. Não que já não amasse de muitas maneiras. Mas de amor assim. Sem medida, sem início e sem ter fim. Obrigada por me mostrares que é possível olhar nos olhos e despir a alma. É o que me fazes cada vez que páras a olhar nos meus. Obrigada por me ensinares que os maiores carinhos estão nas mãos mais pequeninas e que mesmo sem conseguirem rodear completamente o pescoço, os teus braços pequeninos conseguem abraçar um coração. Obrigada. Serei eternamente grata por seres nosso.

Fora do peito

Há mais de um ano que não sei o que é estar sozinha. Fosse onde fosse sabia que ele já lá estava. Um coração pequenino a bater compassado com o meu. Sossegado julgava eu, até se fazer sentir com o mais doce dos pontapés. Se em nove meses nunca o larguei porque havia de o largar nos seis que passou cá fora. Foram intensos, arrebatadores, cansativos mas cheios de um amor que eu não conhecia e que quis viver sem folgas. E agora custa tanto. E a culpa se calhar é minha. Devia tê lo deixado aprender a viver sem mim. Mas eu não conseguia viver sem ele. Será? Terei falhado redondamente em tão pouco tempo de vida? Hoje volto a ficar sozinha. O papá já foi trabalhar e o G. continua a adaptação para a creche. E eu estou aqui, ainda tão inadaptada quanto ele. Já não sei viver assim. Com tempo para gastar a fazer qualquer coisa quando a única coisa que me dá prazer fazer é, nestas horas feita por estranhos. E se é estranho que outras mãos lhe peguem, o vistam, o dispam, o alimentem, o embalem.

Carta ao meu filho

Quando fores capaz de ler isto, tenho a certeza que vamos rir os dois. Rir do problema que era e do sucesso que foi. Mas por agora choramos. Choro eu de ansiedade e medo e choras tu por me sentires assim. Isto é tudo novo para os dois, apesar de toda a gente dizer que me custa mais a mim do que a ti. Mas eu sei que não. Custa me tanto a mim deixar te como a ti procurar me e não me ver. Eu sei que sim. A única diferença é que eu sei dizer porque choro e tu não. Como é que não te custaria se até agora o meu colo era constante. Se a cada choro teu era em mim que te aninhavas. Se mamar era mais que um ritual com horas contadas. Era a toda a hora, era quando querias. Era por fome, por sono ou só por miminho. Custa muito meu amor, eu sei. Mas quero que saibas que também temos sofrido. Depois de te deixar, eu e o papá damos as mãos e apertamo las com força. Eu choro e o papá passa me o braço por cima dos ombros e vamos assim até ao carro. É só uma hora ou duas mas tem custado tanto a passa

És o meu maior milagre

Faz hoje um ano que vim para casa esperar por ti. À partida a gravidez não era de risco mas poderia passar a ser, caso apanhasse alguma das infeções que tratamos no meu serviço. Para não falar do cansaço e das vezes que quase adormeci nos 80km diários que fazia para ir trabalhar. Sinceramente a decisão da médica foi um alívio. Engravidei numa altura em que tivémos um pico de doentes infetados e cada vez que entrava num dos quartos subia me um nó à garganta. Este filho não era só meu e prejudicá lo com alguma doença, ainda por cima contraída ali seria uma culpa triste de carregar. Por isso, quando finalmente vim para casa é que comecei verdadeiramete a desfrutar de ti. Sem stress, sem pressa, sem medo. Foi o melhor que me podia ter acontecido e foram os melhores meses da minha vida. Quando olho para trás consigo lembrar me ao pormenor de determinados dias e situações. Lembro-me do primeiro dia em que, com calma me besuntei em creme para as estrias. Ainda mal se notava a barriga mas h

O melhor e o pior de Março

Março chegou com um sabor agridoce. Para mês mais bonito do ano já me fez chorar a bandeiras despregadas porque cada anoitecer me tem trazido menos um dia de licença. Muitos dirão 'está a acabar o bem bom' com aquele tom de 'estás há um ano em casa e ainda achas pouco'. Mas o meu bem bom está longe de ser o facto de não trabalhar. Trabalharia de bom grado se isso não significasse perder grande parte do ano mais espetacular da vida do meu filho. E é isso que me custa. Não é o 'ir trabalhar em si'. De qualquer maneira tenho deixado a tristeza chegar de mansinho só um bocadinho quando o sol se põe e me lembro 'já passou mais um dia' ou 'já tenho menos um dia'. Porque Março vai ser, apesar de tudo, um bom mês. É o mês do pai gozar a licença o que significa que, estando eu a gozar férias, temos um mês inteirinho a três. Coisa que não se repetirá. E é tão bom. Às sete da manhã vê-lo acordar e trazê lo para o nosso meio onde volta a adormecer com uma

O que o faz sorrir #1

Música. O G adora música. Desde sempre, desde a barriga acho eu. Sempre cantei e toquei para ele. Logo nos primeiros dias qualquer melodia que ouvia o acalmava e o fazia dormir. Mas agora, agora é diferente. Agora ele pára o que estiver a fazer só para ouvir as músicas que gosta. E melhor ainda, ele pára e sorri embevecido se sou eu que lhe canto baixinho. Pode ser a Luzinha da Sara Tavares, o João da Luísa Sobral ou qualquer fado da Ana Moura ou Marisa. Não interessa. Interessa que ele rasga um sorriso e me olha nos olhos e eu sei que o tempo que passei a cantar para ele e a embalar lhe os sonhos lhe chegou ao coração.

Há um ano que sei de ti

Há um ano deu positivo. E eu sabia que ia dar. Eu sentia-o como nunca sentira nos meses todos que deu negativo. E desci a escada a correr e mostrei te ao pai sem conseguir dizer nada. Só rir. Rir e chorar ao mesmo tempo. Hoje também chorei. De nostalgia e de saudade. Ao ver cada ecografia ou cada fotografia parece que consigo sentir o que me ia na alma em cada um daqueles dias. E era tão bom. Foi tão bom carregar-te na barriga e no coração. Hoje também chorei. De alegria. Porque já te tenho. Porque correu bem (apesar do parto). Porque vivemos nove meses serenos e felizes, a três, num sentimento que nunca antes tínhamos provado. Porque és o menino doce e mimento que imaginei e em segredo pedia. Há um ano que sei de ti e do amor que por ti teria. Só não sabia que seria tanto.

No caminho do bem comer #1

Ter um filho não muda tudo mas muda quase tudo. Traz outra forma de ver as coisas, de viver o mundo. Faz nos analisar prioridades e repensar a maneira como temos vindo a fazer determinadas coisas até então. Sempre fui uma esquesita a comer. Em pequena era o chamado 'pisco', muito por ter vivido em casa dos meus avós e por, a cada cara feia que eu fazia a um prato surgir de imediato outro que me agradasse. Sofri com isto claro está. Toda a vida vi pessoas a comer coisas que eu até gostava de incluir na minha alimentação mas que, simplesmente não conseguia tolerar. Li várias vezes que há uma altura determinada para adquirir o gosto por certos alimentos e que, depois dessa janela de oportunidade se torna muito mais difícil. E foi. Entrei na universidade sem 'gostar' de salada ou carne picada, entre outras coisas banais. Mas o paladar também se vai educando e com muito esforço lá fui conseguindo integrar muita coisa na minha alimentação. Hoje devoro salada e adoro la

Eu gostava mas não posso...

Mesmo antes de ter filhos sempre disse que, se ganhasse o euromilhões, tinha logo uns quatro e ficava em casa a cuidar deles. Saiu-me quase o euromilhões quando me nasceu o meu amor pequenino mas, infelizmente não posso ficar em casa a cuidar dele. Tenho amigas que dizem não ter sido talhadas para serem mães a tempo inteiro. Que no terceiro mês de licença já estão pelos cabelos e ansiosas por voltar ao trabalho. Eu não. Eu trocava sem pensar duas vezes a minha carreira por isto. Por o deixar acordar e vesti-lo sem pressa. Por brincar e cantar-lhe toda a manhã. Por lhe embalar as sestas e calar o choro no meu colo a qualquer hora. Por amamentar em livre demanda e não ter que lhe dar nunca leite congelado. Por passar a tarde na cozinha a fazer bolachas e o jantar. Por cuidar só dele e não ter que voltar a cuidar de mais ninguém que não os meus. Quem me conhece sabe que sempre gostei do que faço. Sou enfermeira e escolhi sê-lo porque queria uma profissão onde pudesse ajudar o próximo.

O meu parto dava um blogue

Durante algum tempo foi este o título que me viveu na mente para dar nome a este cantinho. Era sobre isso que queria e precisava falar. O que aquele dia me fez, o que deixou em mim e o que levou. Mas depois não era só  disso que queria falar porque acredito que, aos poucos vou ser mais do que essas marcas. Também queria falar deles, de nós, dos nossos dias, enfim. Escolher esse título seria muito redutor. Mas uma certeza tinha, a de que  escreveria um post com esse título. Tinha que escrever sobre isto porque se fala pouco do lado menos cor de rosa da maternidade e eu senti-o na pele. Ah se senti. Esperei ansiosamente por aquele dia. Os últimos dias então eram intermináveis e só tinha 37 semanas. Mas via toda a gente a chegar às 40/42 e eu não queria. Não queria mesmo! E tive essa conversa com o meu filho que, mostrando já o doce de menino que era, fez me a vontade. No dia 25 de Setembro, com 37 semanas e cinco dias o G. decidiu vir ao mundo e ele foi a única coisa boa que ficou des

O melhor ano de sempre

O melhor do ano que agora acabou anunciou-se logo no princípio e foi crescendo connosco. Cresceu-me a mim na barriga e aos dois no coração. Foi intenso, arrebatador, com dias de magia e outros não tão assim. Chegou por fim sem aviso, antes do que devia chegar, mas na hora certa enfim. Em Setembro. Deixou marcas, mas trouxe mais do que podíamos imaginar. Trouxe mais amor (se é que seria possível), mais alegria, mais vontade de viver. O melhor deste ano tem bafinho de leite e um sorriso desdentado que nos aquece o coração. Foi um bom ano. O melhor de todos talvez. Para o ano que agora começa peço saúde. Para nós e para ele. Para nós cuidarmos dele. Peço tempo, mais horas para os meus dias que passam tão depressa e ainda nem voltei ao trabalho. Mais horas para o ver crescer já que não o posso manter pequenino. Não peço amor pois esse vem a multiplicar-se dia a dia entre nós, entre eles, entre eu e ele. E para já chega. Não peço mais nada.