Avançar para o conteúdo principal

O melhor e o pior de Março

Março chegou com um sabor agridoce. Para mês mais bonito do ano já me fez chorar a bandeiras despregadas porque cada anoitecer me tem trazido menos um dia de licença.

Muitos dirão 'está a acabar o bem bom' com aquele tom de 'estás há um ano em casa e ainda achas pouco'. Mas o meu bem bom está longe de ser o facto de não trabalhar. Trabalharia de bom grado se isso não significasse perder grande parte do ano mais espetacular da vida do meu filho. E é isso que me custa. Não é o 'ir trabalhar em si'.

De qualquer maneira tenho deixado a tristeza chegar de mansinho só um bocadinho quando o sol se põe e me lembro 'já passou mais um dia' ou 'já tenho menos um dia'. Porque Março vai ser, apesar de tudo, um bom mês.

É o mês do pai gozar a licença o que significa que, estando eu a gozar férias, temos um mês inteirinho a três. Coisa que não se repetirá. E é tão bom. Às sete da manhã vê-lo acordar e trazê lo para o nosso meio onde volta a adormecer com uma mão dada a cada um. Passear sem pressas e aproveitar o sol que tem espreitado depois de tantos dias de chuva. Ficar simplesmente a vê los dormir.

É o mês da sopa e da fruta e veremos se da papa. Começou hoje e correu tão bem. E o sorriso dele é ainda mais doce assim cheio de restinhos de sopa. Está a crescer. Vai deixar de depender só da maminha mas faz parte. E vê lo a crescer assim, tão feliz e bem disposto enche me de alegria.

Mas Março também é o mês de o deixar na creche. E a mais pequena referência a isso inunda me de uma angústia desmedida. Acredito que assim como me entrego de corpo e alma ao meu trabalho e efectivamente cuido de quem tenho à minha responsabilidade, também os profissionais a quem o entrego o farão. Assim espero.
É 'só' a ida para a creche, não é o fim do mundo. É o fim só do meu mundo, porque tenho a certeza que ele se vai sair bem.

Estou a armazenar isto tudo para ter reservas de amor que me aqueçam o coração quando passar a estar longe. Estou a gravar a fundo o som da gargalhada dele para a trazer comigo pelos corredores daquele hospital. E estou a dar tudo o que tenho para que ele também me guarde que chegue, para não se esquecer que já vivemos assim, só um para o outro.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Quanto [me] custa ser Enfermeira

Custa muito. Custa tanto que às vezes acho que não vale a pena. E uso a palavra 'custar' de propósito porque, bem vistas as coisas, há sempre uma associação ao nosso salário: são pagos para isso, não fazem mais do que a vossa obrigação. E ouvir isto assim, dito da boca para fora, magoa. Magoa muito.  Magoa porque quem o diz, não faz ideia de quanto custa, por exemplo, amparar a queda de quem descobre que vai morrer. A quem é dito que já não há cura. Amparar o desencanto de sonhos interrompidos aos 20, aos 30, aos 40 anos. Não importa a idade. São sempre sonhos de alguém. Não faz ideia de que é inevitável projectarmos a nossa vida nestas vidas e que vivemos sempre assustados com o que nas nossas vidas pode surgir. Magoa porque não fazem ideia de quanto custa segurar na mão de quem parte e depois segurar na mão de quem fica. Aliás, a maioria das pessoas nunca teve que ver um cadáver de perto, quanto mais acompanhar essa passagem tão avassaladora, que culmina num último s

Eu e a festa dele: dois anos.

Setembro nunca me deixa ficar mal mas eu, por norma deixo ficar mal Setembro! Porque o deixo passar e acabar sem falar sobre um dos dias mais importante do mês: o dia em que festejamos os anos do Gui! Já falei sobre o dia do aniversário propriamente dito, aqui e de como optámos por lhe oferecer memórias em vez de bens e tralha perecível. Mas ainda não falei da festa propriamente dita, sendo que este ano tentei também controlar-me, seguindo um pouco a mesma filosofia. Não foi fácil, acabei por exagerar aqui e ali, mas acredito que com o tempo isto melhora (ou não)! Este ano o tema estava definido há algum tempo. Depois de termos decidido que o primeiro ano seria festejado entre nuvens e balões de ar quente, ele começou a mostrar a sua preferência pelos 'Heróis da Cidade' e ficou claro que a festa do segundo aniversário iria enveredar por aí. Não foi fácil, até porque não há absolutamente nada à venda sobre este tema o que me obrigou a puxar ainda mais pela cabecinha e a ma

Panquecas de Aveia e Laranja

Esta semana descobri a pólvora, ou melhor, AS panquecas! Há muito que usamos esta opção como pequeno almoço ou lanche, em dias com mais tempo e sempre com receitas adaptadas para que o G. também possa comer. Fazia essencialmente as receitas do Blogue Na Cadeira da Papa  e ia variando nos acompanhamentos. No entanto, esta semana, por mero acaso descobri umas Panquecas de Limão, cuja receita original retirei daqui  e que, de imediato me pareceram muito bem. Não tendo todos os ingredientes da receita original, improvisei com o que tinha e, não havendo limões, saíram umas Panquecas de Laranja cuja receita vos deixo a seguir. Espero que gostem. Cá em casa tem sido um sucesso! Panquecas de Laranja (aproximadamente 6 panquecas do tamanho da imagem): - 2 ovos - 1 iogurte natural (já usei também grego e coloquei 125gr) - 4 colheres de sopa de flocos de aveia (que pulverizei em farinha mas que pode ser usada assim) - 1 colher de chá de fermento para bolos - açúcar amarelo